quinta-feira, 13 de março de 2008

Tanchemos boas estacas


O verbo tanchar já caiu da moda. Quase só se usa no antigo provérbio: “Quem muitas estacas tancha, alguma lhe há de tachar”. Mas deixemos passar o têrmo arcaico. Quem viaja nos grandes rios ou em certos mares nota que o piloto está sempre a observar as balizas que marcam o canal. Sem esses balizas é inevitável o encalhe ou abalroamento da embarcação. Essas balizas são, muitas vezes, simples estacas tanchadas ao longo do canal. O barco da nossa vida navega em rios tortuosos. Aqui, um banco de areia, ali um escolho. Ah! Se não estiver bem balizado o canal! “Mas quem nos tanchará as estacas-baliza?” – Nós mesmos. O moço já sabe que aquela leitura lhe foi prejudicial – tanche ali uma estaca. Aquela taberna causou tanto mal à sua vida passada – tanche ali uma estaca. A mesa do pano verde quanta lágrima já fez derramar a sua família! Tanche ali uma estaca. Já sabe que aquele é um mau inimigo, tanche ali uma estaca.Aí está um roteiro traçado pela experiência pessoal.(p.10)


REFERÊNCIA

LUSTOSA, Antônio de Almeida. Respingando. 2˚ Volume. Imprensa Universitária do Ceará: Fortaleza, s/d.

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