quinta-feira, 6 de março de 2008

Marca de giz

Quando eu estava no meio do curso colegial, meu professor de inglês fez uma pequena marca de giz no quadro negro. Um ponto exatamente como esse que está aí em baixo.
Ele perguntou à turma o que era aquilo. Passados alguns segundos, alguém disse:
- É uma marca de giz no quadro negro.
O resto da classe suspirou de alívio, porque o óbvio foi dito e ninguém tinha mais nada a dizer.
- Vocês me surpreenderam – o professor falou, olhando para o grupo.
- Fiz o mesmo exercício ontem, com uma turma do jardim da infância, e eles pensaram em umas cinqüenta coisas diferentes: o olho de uma coruja, uma ponta de charuto, o topo de um poste telefônico, uma estrela, uma pedrinha, um inseto esmagado, um ovo podre e assim por diante. Eles realmente estavam com a imaginação a todo vapor.
- Nos dez anos que vão do jardim da infância ao colegial, nós tínhamos aprendido a encontrar a resposta certa, mas também havíamos perdido a capacidade de procurar outras respostas certas. Tínhamos aprendido a sermos específicos, mas havíamos perdido muito em capacidade imaginativa. Como bem observou o educador Neil Postman: quando as crianças vão para a escola, são pontos de interrogação; quando saem, são frases feitas.

REFERÊNCIA
CENTRO NORDESTINO DE EDUCAÇÃO/ANIMAÇÃO POPULAR. Almanaque de metodologia da educação popular. Recife: CEPE, s/d.

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