segunda-feira, 5 de maio de 2008

A VOLTA DO VELHO PROFESSOR


Em pleno século XX, um grande professor do século passado voltou à Terra e, chegando à sua cidade, ficou abismado com o que viu: as casas altíssimas, as ruas pretas, passando umas sobre as outras, com uma infinidade de máquinas andando em alta velocidade; o povo falava muitas palavras que o professor não conhecia (poluição, avião, metrô, televisão...); os cabelos de umas pessoas pareciam com os do tempo das cavernas e as roupas deixavam o professor ruborizado.

Muito surpreso e preocupado com a mudança, o professor visitou a cidade inteira e cada vez compreendia menos o que estava acontecendo. Na igreja, levou susto com o padre que não mais rezava em latim, com o órgão mudo e um grupo de cabeludos tocando uma música estranha. Visitando algumas famílias, espantou-se com o ritual depois do jantar: todos se reuniam durante horas para adorar um aparelho que mostrava imagens e emitia sons. O professor ficou impressionado com a capacidade de concentração de todos: ninguém falava uma palavra diante do aparelho.

Cada vez mais desanimado, foi visitar a escola – e, finalmente, sentiu um grande alívio, reencontrando a paz. Ali, tudo continuava da mesma forma como ele havia deixado: as carteiras uma atrás da outra, o professor falando, falando... e os alunos escutando, escutando, escutando...

A MULETA DA VOVÓ


Era uma professora recém formada em magistério de 2° grau. Enfrentava, nesse momento, a pesada responsabilidade de alfabetizar uma classe de 34 crianças.
Eu estava sentado lá no fundo da sala. Já tinha perdido a devida autorização para observar a aula. Intuito: sentir mais de perto as práticas pedagógicas na área da alfabetização. Na época, 1977, eu havia sido convidado para organizar uma cartilha, coisa que, felizmente, nunca foi concretizada.
Sobre a mesa do professor um roteiro de aula, que, de onde eu estava, não dava para ver tamanho nem formato. Bom saber que nestes tempos ainda há professores que planejam e roteirizam as suas ações, contrapondo-se à famigerada improvisação.
Diz à classe:
- Copiem as duas palavrinhas que vou escrever na lousa.
E escreve, uma embaixo da outra, lendo em voz alta:
- Mata-borrão, tinteiro.
As crianças, de “esferográfica” em punho, começam a copiar, sempre lembrando que não deveriam se esquecer de cortar o tê.
Ao passeio da professora pelas fileiras, checando as cruzadinhas dos tês, vejo-me com um sentimento de espanto e estranheza frente às duas palavras selecionadas para a lição: mata-borrão, tinteiro. De que diabo de lugar ela tinha retirado tais palavras?
Arrisco, bem baixinho, uma pergunta ao garoto sentado na fileira ao lado:
- Você sabe o que é mata-borrão?
- Sei lá. Acho que é bandido. Assassino.
Meu pensamento corre longe no restante da aula. Volto aos meus tempos de escola primária na década de 50. Caneta de pena, tinteiro e mata-borrão faziam parte do material que eu levava à escola. Molhávamos a pena no tinteiro que ficava num recipiente colocado no topo da carteira, escrevíamos no caderno de caligrafia e passávamos o mata-borrão por cima para sugar o excesso de tinta, não borrar a folha.
Bate o sinal. Eu acordo e corro lá na frente para saciar a minha curiosidade.
- De onde você tirou aquelas duas palavras para os alunos copiarem?
- Quais duas?
- Mata-borrão e tinteiro.
- Ah, sim. Deste meu roteiro aqui – uma preciosidade que herdei da minha avó. Ela também foi professora. A melhor alfabetizadora da região. Sigo direitinho as suas instruções.
E mostrou-me um caderno meio roto, desgastado pelo tempo e pelo uso. Escrito naquelas antigas letras de cartório. Cheirava a cravo-de-defunto. Bisbilhotei a lição do dia, onde encontrei, à página 17, as seguintes instruções: “Na 6a aula, vós deveis fornecer um exercício de cópia com palavras ‘mata-borrão’ e ‘tinteiro’”.
Nas mãos da professora a muleta da vovó. Na cabeça dos alunos mata-borrão = assassino.

Referência
SILVA, Ezequiel Theodoro da. Magistério e mediocridade. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

RESULTADOS


Resultados exigem esforço, paciência e constância.
Suspeito de promessas miraculosas e soluções instantâneas;
Duvido de fórmulas simples para conquista da felicidade.

Fraqueza, fadiga e ferrugem custam a ceder depois que se instalam no corpo, na mente e no espírito.
Somente força, fôlego e flexibilidade podem produzir mudança.

Otimismo só é útil onde existe ação planejada.
Pensamento positivo só funciona à custa de muito trabalho.
Sem objetivos e prazos definidos, esperança é pura ilusão.

Acredito em fato, não em intenções.
Acredito em atitudes, não em discursos.
Acredito em posturas éticas, não em regras de moral.
Acredito em fazer acontecer, não em esperar que aconteça.
Acredito em criatividade, não em obstáculos.

O que importa são as tentativas e não os acertos.
As vezes que a gente se levanta contam muito mais do que as que a gente cai.
O prazer de continuar buscando é infinitamente maior do que o sucesso de alcançar.

Toda transformação começa sempre caótica e desconfortável.
Os caminhos conhecidos são seguros e fáceis,
Mas só conduzem aos lugares onde já estamos e não desejamos ficar.

O caminho do novo é cheio de riscos, surpresas e cansaço,
mas sempre premiam os que escolhe com chance descobrirem
e experimentarem a VIDA que imaginaram VIVER.

Geraldo Eustáquio de Souza

É PRECISO SENTIR A MUDANÇA LÁ DENTRO


Mudar é um ato de coragem.
É aceitação plena e consciente de desafio.
É trabalho árduo, para hoje!
É trabalho duro, para agora!
E os frutos só virão amanhã, quem sabe, tão distante...
Mas quando temos a certeza de estarmos no rumo certo, a caminhada é longa.
Muitos ficarão à margem.
Outros vão retirar-se da estrada. É assim mesmo!
Contudo, os que ficarem, chegarão. Disso eu tenho certeza!

Olhe bem a seu lado. Estão com você seus colegas de trabalho.
Eles exercem o mesmo papel que você dentro desta organização.
Eles também têm problemas e dificuldades como você. E têm dúvidas sobre a mudança.
Você poderá mostrar-lhes como sente e pensa a respeito das mudanças na organização e nas pessoas.

Não feche a janela em que você está debruçado.

Convide seu colega para estar ao seu lado, para que vocês possam ter a mesma perspectiva.


Tenho certeza que, se assim procedemos, dentro de algum tempo estaremos convencidos de que não é tão difícil mudar.

(Adaptação do poema de Antonio Ferreira de Andrade)
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